sábado, 29 de novembro de 2008

O Belo- 26/11/2008

Era belo eu bem sabia, olhos claros e cabelos também claros, corpo de menino, baixinho ou altura normal? Talvez um pouco abaixo da média. Já o conhecia fazia tempo, acho que uns 3 anos. O conheci em outro lugar. Sempre que passava por aquela rua lembrava que ele morava ali, mas nunca durante anos o encontrei.
Entretanto, sempre alimentava essa vontade, pensava em como seria encontrar um pessoa assim, significativa, depois de tempos.
Descia então para o centro da cidade quando o encontrei.Vinha caminhando como eu, e logo nos deparamos um com o outro, eu ia ele vinha. Como sempre aconteceu em nossa vida. Tínhamos desde sempre caminhos invertidos. Ao menos assim me pareceu depois desses anos. Idéias conflituosas diante da vida. Ele achava que eu achava uma coisa que não achava, nem dá para entender. Mas nos dávamos bem. Ele na sua fantasia de homem livre e libertino e eu na minha, de ter de colocar alguém em alguma lacuna de minha existência. Alguém no vazio mental que eu possuía.
Durante quase um ano a vida foi assim preenchida, não sabia, e por não saber, o que julgava que sabia, me desfiz .Como era de se esperar, depois que me desfiz percebi o que fiz. Tarde demais. Não poderia mais. E o tempo passou e passou, e como sempre ele também . Hoje, quando o encontrei, vi que passou, me senti gigante diante daquele homenzinho que eu tinha achado tão grande ontem. E olha que eu nem estava de salto.



Amigos -26/11/08

Amigo é sempre bom. Nos perdemos em conversas e deles podemos escutar quase tudo. Tem amigo psicólogo, administrador, músico, professor,terapeuta corporal, amigo que ama desesperado e que nos faz rir, amigo que quer nos amar e temos que fugir, amigos que são passionais. Que não nos tratem mal, porque os amigos respondem por nós, tem amigos sexuais e amigos castos, amigos de amigos, amigos de nós mesmos..
Mas também tem aqueles que não conseguem escutar sem falar, que tem sempre uma maneira de se intrometer, a sua luz, quando deviam apenas escutar.
Eles nos ajudam a pensar e dividem conosco nossos piores e melhores momentos.
Amigos homens e amigas mulheres. Cada fase da vida temos uns. Ás vezes mais sinceros, as vezes só de copo, outras só de farra, ou só de passeio.
Precisamos deles . Quando a dor nos envolve eles nos amparam, e sempre tem algo que dizer, mesmo que nós nem escutemos.
Meus amigos são assim, pau para toda obra. Uns mais íntimos, outros mais superficiais, uns mais egoístas, outros todo amor. O amigo da cama, que não quer ser amigo, o amigo da sala, que só quer falar de si, o amigo que te vê como ele, quando você não é ele, o amigo que acha que te conhece mais que você mesmo e quer que você aja como ele agiria. Ai amigos. Que seria de mim sem vocês.


O escritor -27/11/08

Alguém já disse, não sei onde, que escrever era um ato de devoção. Eu concordo. Todos que querem escrever tem uma pulsão absurda para o ato, mas precisam também de uma devoção e uma disciplina atroz.
Escritores passam dia inteiro sentados escrevendo, criando histórias, criando vida. Brincam de criadores, de Deus? Não sei, sei que criam. E aí é indistinto o que se cria, se é poesia, se é texto crítico, se é vida própria, se é vida de outro, o fato é que essas pessoas são contaminadas por um vírus que traz uma necessidade de se expressar de qualquer forma, e fica quase inviabilizada a sua vida se não realiza essa mágica de mexer com as palavras, a fim de dar-lhes um sentido derivado de sua união.
Não é a palavra solta que interessa, é a palavra em conjunto, é a palavra misturada, miscigenada, retorcida, estuprada, retirada de tudo e de todos, a palavra abortada, ou mesmo a palavra parida .
É comum muitos escritores pós-modernos se dedicarem a fazer essa cirurgia do ato de escrever, do movimento e uso das palavras. Mas por que? Talvez porque seja tão difícil se ter consciência do que se escreve, no próprio momento em que se escreve, e seja tão importante para quem escreve tentar traduzir de novo em palavras aquilo que sente.
O que sente? Digo sempre que a literatura é a expressão de um povo, de uma pessoa, para ser mais fiel ao texto. Um povo não escreve romances, histórias que tenham sua visão coletiva sobre a vida . Um povo vive as histórias. E poucos são aqueles que conseguem a partir delas fazer uma síntese, criar algo. Mas é expressão? De quem?
Hoje muita gente escreve, muita mesmo. Abrimos a internet e chove torrencialmente sites com textos de ilustres desconhecidos e conhecidos também. Todos querem falar, mostrar o que falam. Alguns melhores que outros. E num país em que o livro não vira um objeto de consumo primário, começo a pensar sobre a posição dos sites e blogs, dentro desse universo de formação de povo leitor dentro da internet.
Eles lêem mesmo? Segundo uma blogueira, que não gosta de ser assim chamada, porque já se transformou numa escritora convencional, as pessoas não só lêem como comentam o que lêem de forma até mesmo agressiva e isso passou a incomodá-la.
Mas por que ela vai ler os comentários. Fecha para isso. Não dá o email. Mas isso é de cada um.
O fato é que também o comentar passa por viés da necessidade de expressão. Mas acho que esse comentário é falso, porque muitos do que escrevem não assumem o que escrevem. Pasmem!
Não sei como enveredei por esse caminho nesse texto, talvez por estar pensando em meu blog, e se alguém o lê, e como chegam até ele . É isso .

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