quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Rio, 6/11/2008

O Já-morreu

Seus pés são gelados o tempo todo, faça calor ou frio,a extremidade parece saída do freezer, mas isso não se pode dizer que seja algo só fisiológico. Seu pé é a materialização de sua própria emoção e sentimentos, frios, cruéis, conservadores, o próprio gelo cristalizado .
Sua vida se resume a investigação das coisas e não de si, do pensamento de outros sobre as coisas. Busca a terra do fogo. Pelo nome, o inverso de sua frieza consciente.
Pensa que controla o mundo, quer controlar tudo a sua volta, as pessoas tenta encaixar nas formas que existem em sua mente, os aparelhos, as necessidades e a própria morte ja foram organizados. Já marcou data, hora, local para ela acontecer.
Não permite intromissões nos domínios intelectuais, de desejo, de convivência. Se alguém se aproxima um pouco mais dele, o contato de pele lhe dá choque e a quentura do outro pode derreter seu gelo,então, ele não permite.
Seu discurso é sempre o mesmo. Se subestima na capacidade de dar, porque está determinado a não dar nada, nunca, a mais ninguém, exceto os filhos, mas mesmo para esses não se entrega por inteiro.
Quer habitar um lugar inóspito, longe de tudo e de todos, onde o contato humano, que ele julga terminado e ultrapassado não existirá. Seria ele não com ele mesmo, porque ele não se enfrenta, ele com seus livros e idéias. Ele mesmo não se conhece. Falta-lhe a vontade de experimentar inerente ao estar vivo,nada pode experimentar. E sem experimentar, não se dá conta que vai morrendo e definhando sua carne a cada dia.




Sofá branco

Deito no pequeno sofá branco de couro. Nele me encolho como um feto em busca de proteção, de uma fuga no sono. A mente trabalha para digerir as sensações e amansar os questionamentos. Tudo é difícil quando se mudam padrões. Questiono se tenho mesmo e porque tenho que muda-los . Não quero a vida toda sofrer por causa deles, por isso é necessário mudar para melhorar. Por isso tenho vida. Se não fosse para mudar poderia morrer. Idéias cristalizadas só a dos mortos que não pensam mais, sentimentos cristalizados também só os deles, se os tem.
Durmo um sono conflitado, relâmpagos de sonhos em torpores de dispersão.Acordo, durmo, durmo, acordo sem conseguir levantar. Os mesmos pensamentos, as mesmas pessoas, sonho dormindo,sonho acordado, difícil processo de elaboração, des-complexificação , desilusão .

A conversa

Depois de uma simples conversa de prática religiosa pelo Msn, pois não se tem coragem de faze-lo em viva voz, o personagem solta uma pérol...