domingo, 9 de novembro de 2008

Encontro com Clarice

Quando encontrei Clarice, ela não estava na sua melhor forma. Tinha se desgastado muito, vivia confusa e isso transparecia o tempo todo em tudo que dizia. Sua face era cortada, mas tinha um ar de desilusão, um quê de não compreensão.
Não tinha o mistério que eu esperava, mas tinha a sensação de inconformidade, de inquietação.
Eu tinha 24, ela não sei quanto tinha, mas nos demos bem, muito bem. Em pouco tempo passei a tirar dela tudo que precisava para minha existência tumultuada. Tudo que ela me dizia, era como se eu mesmo tivesse dito, eu mesmo tivesse constatado.
Ficamos amigas, embora certas horas isso me custasse um desnorteamento.
Minha mente cartesiana, se convulsionava, com seus pensamentos que eram os meus. Seus amores invisíveis eram os meus, todas as dores que ela tinham pareciam e eram as minhas. Eu ao mesmo tempo que entendia, não entendia, mas estava ali. querendo vivê-las.
E foi, tempos mais tarde, quando tudo retomou o eixo convencional, me senti menos amiga, mas não menos cúmplice dela. Afastei-a temporariamente e elegi novos amigos, mais tradicionais, menos bipolares, mais centrados na vida e menos no que é a vida. Questões práticas me cooptaram.
Existência com grandes sentidos e sem sentido. Discursos de realidade mas não menos de dor. Fui.
Esqueci nosso contato, perdi seu endereço. Caminhei anos a fio sem lembrar que ela estava ali. Longe e ao mesmo tempo perto.
Hoje vi sua foto. Sua imagem me fez recordar e me fez pensar . Me fez finalmente lembrar que eu estava ainda no mesmo lugar que a tinha deixado.
Abracei-a com força.

2 comentários:

Tânia de Matos Santos disse...

há muitas clarices à solta por aí, mas é bom cruzar por elas, em algum momento que seja. sério, eu aprendi.

;)

Alexei Fernandes disse...

. Olá amiguinha,
também estou cheio de saudades.
. Está gostando de postar, heim?
HA HA HA HA.
. Mantenhamos contato !
BBEEEEEIIIJJJOOOOOSSSSSSS !!!!!!!!

A conversa

Depois de uma simples conversa de prática religiosa pelo Msn, pois não se tem coragem de faze-lo em viva voz, o personagem solta uma pérol...