sábado, 2 de abril de 2011

Crificção

s vezes br
 Às vezes brotam milhões de ideias  que evaporam como um gás volátil  em uma noite de sono. Talvez  na hora em que elas viessem naquele momento da noite escura eu devesse me levantar e dizer: _ então vem, vamos lá, vamos ver se você se sustenta nesse universo de torpor de uma semana de trabalho intenso. Elas não se sustentariam, morreriam de medo e não quereriam mais ver o que estava acontecendo. Ou lutariam bravamente contra aquele estado letárgico em  que me ponho vez por outra.
Falei para Ele que  me sentia melhor, que meus descalabros tinham me dado força para ir adiante. Todavia, depois que disse  isso, achei que era tudo mentira, falsidade que se diz ao terapeuta esperando que ele diga algo. Como quando o aluno adolescente pergunta o que já sabe, só para testar àquele que ministra a aula.
Ma s Ele não respondeu. Eu sei que uso meu descalabro como matéria bruta e fina para meu processo de criação, de vida.
Vida, criação, ficção, tudo dá na mesma. Se a vida somos nós quem  fazemos, quem construímos, logo é igual  a nossa ficção. Fazemos da vida a  ficção que queremos que ela seja.  Ora mais verossímil, ora menos. A parte menos é sempre a melhor.
Qualquer coisa que seja muito real, me afoga. Não quero viver no limite do real e da ficção. Bem melhor que fosse só ficção. Inventaria mundos melhores, utopias verbais. Deixaria aquilo que não dou conta de lado. Se não entendo para que perder meu tempo.
Deixar de lado é o mesmo que deixar pra lá, deixar estar, não se aborrecer e desencanar. Como é bom desencanar. Mas não tem jeito. Minha matéria  real sempre vai se confundir com a virtual e juntas saem para fazer um passeio.              

A perturbação da incontinência verbal que leva a virtual começa de novo a me contaminar. É como um vírus: contamina, fica inoculado, depois de um tempo começam a aparecer os sintomas. Sinto feliz de ter voltado. Não causa dor, mas angústia boa. Dois tipos de angustia existem. Aquela que identifico como a melhor, que escarafuncha a psique em busca de matéria para remover, seja de que forma for; e aquela que paralisa que não renova, que não remove nada, mas só faz ficar na prostração.

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