_ Não chega a me causar problemas.
Respondi meio sem pensar sobre a interrogação feita.
Passara já 2 anos, nenhuma conversa, nenhum dia deixara de ver a minha frente a imagem do homem branco, cabelos grisalhos, olhos levemente puxados e a cicatriz no ombro esquerdo, ou seria direito?
Lembrava sempre, ele se parecia com Richard Gere. Por isso, toda vez que olhava o ator holywoodiano na TV ,ou cinema, lembrava-me que quando transava com ele pensava em Gere, e a transa ficava ainda melhor. Ele sabia disso mais não ligava, sentia-se até mais envaidecido. Ele se olhava no espelho e pensava que poderia ser o ator, eu já tinha falado isso para ele, ainda mais quando uma vez fez um corte sinistro no cabelo.Cortou tanto, que ficou aparecendo a coroinha do alto da cabeça. Eu falei, o filho falou, e a desculpa foi que iria menos ao cabeleireiro. Eu disse: _ Perdeu a imagem do Gere, meu tesão vai ficar prejudicado. Como, com esse cabelo, eu vou achar que estou transando com o ator? Ele riu e ficou sério ao mesmo tempo. Mas eu sabia, que no seu riso tinha um entendimento da questão.
Era sempre assim, por mais que dissesse, que o que eu falava não importava, sempre as atitudes posteriores diziam coisas diferentes.
Eu falava muito, falava pela estranheza que sentia e falava porque tinha que falar. Não falava diretamente, mas por metáforas, quem fala diretamente?
Um comentário:
Minha cara Elis!!! Você e o texto em palavras vivas, claras, transparentes. É, é. Não é, não é. Tudo sem comprometer as metáforas. Afinal, elas são socorros para a escrita.
Abraço.
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