30\6\2011
Paris é uma festa, diz Ernest Hemingway. Festa para quem? Para qualquer mortal que passe pela cidade luz, uma cidade que desde o século XIX, se tornou como um janela para o mundo, cidade que é exemplo para outras cidades. Foi copiada, foi inspiradora, foi vista como modelo de modernidade. Cantada não só por Baudelaire mas por tantos outros. Wood Alen é o mais recente que com seu novo filme “ Meia noite em Paris” traz de novo a capital dos franceses, que não é só dos franceses, mas de todos que querem ser sofisticados. Uma sensação de sofisticação paira na cidade , que se tornou o lugar querido de escritores, artistas, pintores. A Paris da belle epóque, a Paris da vanguarda artística da década de vinte, a cidade que abrigava além de Hemingway, Bunuel, Dali, Picasso, Gertrude Stein, Eliot, Matisse, e tantos outros que aparecem no filme de Alen, franceses ou não.
Mas acima de tudo a Paris de Baudelaire, de Rimbaud, de Mallarmé, de Degas, de Monet.
Aquela mesma de Monmartre, da Sacre Coeur, da Eifel, da Concorde, do Dorsay, de Champs Elisier, do Louvre, de Madelaine, da Galeria Lafayete, do Pere Lachaise, da praça de voges, da rua, do beco, das delicatessen, dos aromas, cheiros de perfumes, dos cafés na rua, do metro.
Tudo é interessante, andar, flanar baudelairianamente pelos boulevares de Hausmann, e subir no alto da Torre de Eifel, flanar no frio, no calor, a qualquer hora do dia e da noite. Se extasiar só por caminhar na rua, sem destinos, sem hora , sem nada.
Essa era a sensação, a maior de toda a liberdade, literalmente, sem lenço e sem documento.
É preciso sentir a cidade, seu som, seu aroma, seu clima, seu ambiente, seu tempo.
Todos deveriam pelo menos uma vez na vida ir a Paris. Não que seja melhor, mas é Paris, é diferente, é chique, é bom.
O filme, ah! O filme, um tempo dentro do outro, um escritor americano, que quer estar naquela atmosfera para criar. Que descobre num insight que sempre tendemos a não presentificar, achar que o tempo passado foi melhor que o nosso atual e que o futuro pode ainda ser melhor.
Creio que a vida é sempre esperança, talvez de mudar o futuro e também o passado. Mas não se muda o passado, diriam alguns, mudamos sim, mudamos todo tempo, pois a todo momento quando o relemos, quando o interpretamos de forma diferente estamos mudando o passado. Podemos não mudar os fatos, mas mudamos o entendimento que temos dele. E isso nos faz vivos. Isso nos possibilita seguir adiante. Seria isso o eterno retorno, que alguém já disse. Niestzche talvez. Fato é que, voltamos mas não lemos igual e não somos igual, por isso sempre tudo será diferente.
Cada vez que me leio, me leio de maneira diversa da que li da primeira vez.
Aquele que não possibilita a si mesmo se reler, é aquele que está cristalizado, não apenas no seu tempo, ou no futuro, mas que está cristalizado no seu próprio conhecimento.
Um comentário:
Como é bom matar, digo, renovar a saudade. Bons tempos aqueles em que a brutalidade da cidade e principalmente os momentos tristes da profissão eram deixados de lado durante suas aulas. Obrigado professora e por favor volte logo ao blog. Um grande abraço. Jorge Alves - Unesa Nova Iguaçu/2009.
Postar um comentário