O personagem:
Homem meia idade:
conversa com um amigo - Sim, uma
desculpa qualquer faz a idiota cair na minha lábia, sim ela é generosa, é só eu contar uma historinha qualquer de que
passei fome, de que tô nervoso, de que não estou bem, que ela cai. Vai lá me
recebe, aceita a minha fragilidade,
inventada???, e fica tudo bem. Ganhei o dia, posso viver na minha ilha bem, sem
maiores problemas, indo ao meu bar favorito, tomando meu drink favorito, indo a
casa de amigos, conversando o dia todo. Afinal não quero mais saber de nada,
trabalhei muito cedo, tive responsabilidades mil, agora quero é curtir a vida.
Um barco, cuja responsabilidade de gastos eu não tenho, pago o cara, porque não
sei remar. Curto a vida, fumo meu baseado,
dou chilique quando a coisa fica preta, grito para chamar atenção, faço
cena de teatro para acreditarem que estou possuído, sou histérico consciente. O que me atinge? Acho que nada,
filhos tê-los e não sabe-los, não os crio, não os vejo,
responsabilidades delas que os quiseram. Namorada, melhor coisa é a distância,
meio chata, mas chega junto quando preciso. Nem tenho crédito no telefone para
não ter obrigação de ligar todo dia,
nem que eu precise para o negócio, que precisaria, mas o que vem daqui dá para
o gasto. No fim, a vida é muito boa, ela me enche o saco para me tratar, mas tratar de quê? Tô bem,
para que tratar. Tudo é o discurso que
faço . Encontro-a de vez em quando , chego para descansar da vida. Digo que tô
mal e pronto, nem sexo faço, nem
precisa. Ela cobra e eu conscientemente
digo que não. Não tenho condições, ai ela se inibe, boa técnica a minha. E assim vou levando a vida. É ou não é
uma boa? O amigo o olha meio sem entender. A pessoa é
jovem, e com uma determinação de fazer gosto, determinação de quem não se
importa com os outros, de quem finge o que não é, e fantasia a vida,
fantasia tudo.